26 de dezembro de 2014

A mudança


Mudar de casa sempre foi para mim motivo de excitação, em criança mudámos muitas vezes de casa e embora me lembre de ficar com pena de deixar as casas antigas, a ideia de conhecer uma casa nova era mesmo muito mais emociante.
O mais novo nem se apercebeu muito do que se estava a passar à sua volta, via tudo desarrumado e encaixotado mas a sua vida continuou como se nada fosse. Estávamos bem dispostos, então ele também estava.
A mais velha já teve um entendimento completamente diferente. Lamentou-se algumas vezes de que ficaria com saudades da casa antiga, que a iria visitar, que tinha saudades das paredes e questionou-nos se levaríamos os quadros, os livros, as panelas e uma série de outras coisas para além dos brinquedos e outras coisas que nos pareceram mais óbvias. Quando a casa antiga ficou imprópria para lá vivermos, arrumamos as trouxas e fomos dormir a casa dos avós e por lá ficámos duas ou três noites, foi tudo pacífico e as crianças estiveram sempre bem dispostas.
A primeira noite que passámos na casa nova foi um pouco estranha, parecia ainda que não estávamos na “nossa” casa, estava tudo virado do avesso, tudo fora do lugar, não tínhamos nada organizado, mas tivemos mesmo de começar por algum lado. Na primeira manhã, já lá dormidos e acordados, as crianças vibraram e correram e nunca mais pararam de ajudar, de arrumar, de brincar e só serenaram após montar a árvore de Natal, porque no fundo era só isso que lhes interessava. Enquanto nós pendurávamos um candeeiro, eles punham luzinhas e bolas e ajeitavam mais uma estrela ou pinha. Nunca mais se lembraram da “casa antiga”, mas foi curioso aprecebermo-nos que todos estávamos meio desorientados, trocando portas, fazendo percursos já habituais na outra casa e que nesta são ao contrário, procurando-nos aqui e ali.
Desde que nos instalámos que estamos sem comunicações, não temos TV, nem telefone e conseguimos um ponto de internet só para poder fazer uns recados pontuais à noite. As crianças pedem o Panda, o Disney, mas é tão pouco que a mim só me dá vontade de nunca mais ter TV em casa. Eles brincam com as ferramentas, com as caixas, com panos, regam as plantas e arrumam tupperwares e andam felizes da vida. Vão para a cama e apesar do quarto deles ainda não estar 100% ao meu gosto, para eles está perfeito, dormem ainda mais juntinhos e isso é bom de ver.


Foram dias um pouco cansativos, tivemos muito trabalho no escritório, uma casa em alvoroço, muitas coisas para coordenar, o Natal dos nossos clientes para tratar, o nosso Natal para resolver, ainda tivemos de lidar com um ataque de piolhos mas no fim, tudo se compôs e neste momento ansiamos o início do ano novo que é o que interessa!

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